A Companhia Editora de Pernambuco (Cepe) mantém vivo um projeto que alia sustentabilidade, economia criativa e arte. Desde 2017, a editora abriga a Galeria Reciclada, iniciativa que reaproveita fragmentos de papel descartados pelo parque gráfico para transformá-los em esculturas, murais e objetos artísticos. O projeto nasceu das mãos do veterano Júlio Gonçalves, funcionário mais antigo da casa e autodidata que faz do reaproveitamento de resíduos uma prática de conscientização ambiental.
Com 86 anos e mais de cinco décadas de trajetória, Gonçalves ajudou a moldar a memória editorial da Cepe, assinando capas de mais de 300 livros e coordenando a criação de projetos como o Calendário Cepe e o desenho editorial do Diário Oficial do Estado. Mas foi ao assumir a gerência do parque gráfico que o artista encontrou um novo destino para as sobras de papel. Inspirado no processo artesanal do papel machê, ele passou a hidratar e agregar cola aos fragmentos que saíam das máquinas de encadernação, dando origem a um composto versátil para criações artísticas.
O que antes era resíduo passou, então, a se converter em esculturas repletas de texturas e cores, algumas remetendo a peças medievais ou a murais inspirados no Movimento Armorial. Complementado também por embalagens plásticas e outros rejeitos, o projeto oferece uma reflexão sobre consumo consciente e descarte responsável.

Foto: CEPE
Oficina gratuita no Recife
No próximo dia 27 de setembro, das 15h às 17h, Júlio Gonçalves conduzirá uma oficina na Caixa Cultural Recife (Av. Alfredo Lisboa, 505 – Recife, PE), aberta ao público e voltada a interessados em aprender sua técnica que transforma resíduos em arte. A atividade tem classificação indicativa de 14 anos, contará com 20 vagas gratuitas e promete aproximar os participantes do processo criativo.