A editora Mariana Rolier é uma verdadeira caçadora de tendências. Esteve envolvida em projetos editorais de enorme sucesso como Game of Thrones, Marley & eu e Jogador No. 1. Mais recentemente, passou a fazer um mergulho no mundo do áudio ao ser a gerente editorial brasileira da Storytel. Agora, ela acaba de se associar a Eduardo Brand para fundar o Gancho, uma consultoria que busca fazer a ponte entre a literatura e o audiovisual. Mariana é a convidada desta semana para o Bate-Papo do Happy Hour Nespe. Na conversa, ela fala sobre tendência, explica o mote da empresa e adianta que realizará um pitching na próxima edição da Flip (23 a 27/11).
Happy Hour Nespe – Você defende que o editor não pode mais ser só editor de livros. Tem que ser editor de conteúdo e que esse conteúdo pode ganhar diversas formas: um podcast, um filme, uma série ou até mesmo um livro. É nesse espírito que nasce o Gancho?
Mariana Rolier – Sim, o espírito é esse. Minha defesa, contudo, não é uma condenação ao editor – é, sim, a extensão de seu trabalho. Estamos disputando espaços cada vez menores com outras plataformas culturais. E uma boa história é sempre uma oportunidade para encontrar uma boa audiência. Levar uma história para além do livro me parece um caminho favorável não só para o autor expandir seu público, ou para a editora obter melhores resultados, mas para oferecer histórias de qualidade ao audiovisual, favorecendo também este mercado. Somos um dos países com maior e melhor produção literária, com autores maravilhosos e extremamente criativos. Minha defesa reside em manter o livro como principal plataforma para publicação, mas deixar de pensar em formatos que podem expandir o acesso me parece fora do contexto atual.
HH – Que tipos de serviços a empresa oferece?
MR – O Gancho oferece uma assinatura mensal, na qual o assinante recebe semanalmente um relatório com indicações de livros publicados ou ainda em fase de edição, defendendo a adaptação do projeto para as telas. Funcionamos como um serviço de scout – se pensarmos nas editoras que possuem scouts para indicar livros de outros países – mas quisemos fazer o projeto de forma democrática, em que todos os assinantes tenham as informações que precisam para ir atrás de uma adaptação, ou de uma categoria, e se inspirem em temas e tendências para suas próprias produções.
HH – Editores e autores podem ter as suas obras avaliadas pelo Gancho? Como funciona isso?
MR – Sim, e deixamos um convite para editoras, agentes e autores: cadastre nosso contato em seus mailings e nos enviem sugestões. Temos um time dedicado à seleção e avaliação de obras, pensando exclusivamente na possibilidade de adaptação. Basta enviar para nosso e-mail oganchocuradoria@gmail.com
HH – A empresa é uma caçadora de tendências. Começa nesta quarta-feira (19), a Feira do Livro de Frankfurt. Que tendências você vê despontar no horizonte?
MR – No Brasil, há uma chegada tardia de thrillers, que deve ser explorado, mas é uma tendência para o mercado editorial vinda da produção audiovisual. Geralmente é o oposto, os livros ditam as tendências. Ainda, obras juvenis com temas delicados, que precisam ser debatidos, distopias e uma caça de licenças maiores, como games. True crime está com tudo, por causa dos podcasts e da Netflix. Ainda vem muito sangue por aí. Ontem mesmo estava reclamando que meu editorial estava parecendo o IML com tanta gente assassinada nas histórias.
HH – Vocês preparam a primeira ação do Gancho para a Flip. Pode falar um pouco sobre como acontecerá isso?
MR – Vamos fazer um pitching show e iremos convidar autores a apresentar suas ideias para a banda audiovisual. Siga @oganchocuradoria no Instagram que em breve divulgaremos o evento. E, claro, assine a curadoria em www.oganchocuradoria.com.br.
