No século 19, surgiu, na Inglaterra, um movimento chamado “Private Press”, encabeçado pelo multiartista William Morris. O movimento era caracterizado por pessoas que imprimiam, por conta própria, aquilo que queriam. Não importavam os resultados de vendas, a recepção do público ou qualquer outro parâmetro normalmente vinculado à produção dita comercial de livros.
O livro que “funda” o “Private Press” é The Story of the Glittering Plain, escrito pelo próprio Morris. É também o primeiro título editado pela Kelmscott Press, editora fundada por ele. O objetivo era o de recuperar a beleza do livro, perdida em meio às tiragens cada vez mais apressadas e descuidadas da imprensa regular.
Este movimento ficou documentado no livro William Morris – Sobre as artes do livro (Ateliê Editorial, 288 pp, R$ 160 – Trad.: Adriano de Paula Rabelo). A versão brasileira ganhou edição, introdução e revisão técnica do premiado designer Gustavo Piqueira.
Todos os componentes de uma obra (a escolha do texto e da fonte tipográfica, a composição dos tipos, o papel, a tinta, a “decoração” e a encadernação) deveriam ser planejados e executados manualmente com o máximo de cuidado e excelência para, juntos, produzirem o “livro ideal”. Os mais de cinquenta livros que Morris editaria nos anos seguintes obedeceram, todos, à busca por esse padrão ideal de qualidade.
William Morris – Sobre as Artes do Livro recebeu menção honrosa no 34 Prêmio Design Museu da Casa Brasileira (categoria Trabalhos Escritos Publicados).