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Frankfurt abre sua 75ª edição em meio a polêmicas

18 out 2023 | Feiras de Livros e Eventos

Nesta terça-feira (17), a Feira do Livro de Frankfurt abriu a sua 75ª edição em meio a polêmicas. Diante do conflito entre Israel e o grupo Hamas, a Feira do Livro de Frankfurt tomou um lado: “A Feira do Livro de Frankfurt está ao lado de Israel, em completa solidariedade”. Em pronunciamento às vésperas da abertura do evento, Juergen Boos, diretor da Feira, afirmou que queria “fazer as vozes judaicas e israelenses serem especialmente visíveis durante o evento”.

As declarações de Boos vieram logo depois de a Feira anunciar o adiamento da entrega do Prêmio LiBeraturpreis 2023, que anualmente reconhece o trabalho de escritoras da África, Ásia e América Latina. Neste ano, a escritora palestina Adania Shibli, autora de Detalhe menor, aqui publicado pela Todavia, receberia o troféu durante a Feira.

As declarações de Juergen e a decisão de adiar a premiação encontraram eco nos países árabes, que cancelaram as suas representações na Feira. A Associação de Editores Árabes, a Associação de Editores dos Emirados Árabes Unidos, a Autoridade do Livro em Sharjah e o governo da Malásia anunciaram que não participariam mais do evento.

Na conferência de imprensa, que antecede a abertura da Feira, Juergen classificou a saída destas representações como um “desastre”.

A editora emiradense Bodour Al Qasimi, figura proeminente na cena internacional do livro, não embarcou para a Alemanha. A ex-presidente da Associação Internacional de Editores (IPA) e fundadora da Associação de Editores dos Emirados Árabes Unidos ressaltou que a decisão da Feira de ampliar as vozes dos israelenses implicaria na “escolha de cancelar a voz de todo um grupo demográfico”. O pronunciamento completo de Bodour pode ser lido na Publishing Perspectives.

Slavoj Žižek fazendo o seu discurso na abertura da Feira | © Marc Jacquemin / Frankfurter Buchmesse

Enquanto isso na cerimônia de abertura da Feira do Livro de Frankfurt…

Neste ano, a Eslovênia é o país homenageado em Frankfurt, o que levou o escritor Slavoj Žižek ao palco da sempre concorrida cerimônia de abertura da Feira. Ele classificou a suspensão do prêmio a Shibli como “escandalosa”, segundo noticiou o PublishNews, que está cobrindo o evento.

“Não estou só orgulhoso de estar aqui hoje, estou também um pouco envergonhado”, disse Žižek no seu discurso. O discurso foi interrompido por um homem que invadiu o palco e pediu que o escritor não relativizasse os ataques do Hamas a Israel. Ainda de acordo com o PN, o filósofo respondeu: “Não relativizo de forma alguma. Só estou dizendo que falar do jeito que você falou agora, imediatamente coloca os palestinos em uma situação impossível”. “Agora vocês veem o que significa na prática a questão da diversidade de vozes e inclusão”, completou Žižek.

O palco de abertura da Feira do Livro de Frankfurt é sempre marcado por fortes posicionamentos políticos. Ele se presta a isso, seja por parte da própria Feira, que já condenou nominalmente governos que se colocaram em contraposição à liberdade de publicação, seja por parte dos autores convidados a discursar.

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