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Em 16 anos, indústria editorial perde 39% do seu valor

6 jul 2022 | Feiras de Livros e Eventos

Desde 2006, a Câmara Brasileira do Livro (CBL) e o Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL) realizam, com a mesma metodologia, a Pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro.

O estudo — antes realizado pela Fipe e, desde 2018, tocado pela Nielsen Bookdata — é um retrato da indústria editorial brasileira. É por ele que a gente sabe quantos livros as editoras brasileiras produziram e venderam; quanto elas faturaram com essas vendas e por quais canais essas vendas foram realizadas.

É, portanto, uma pesquisa importante para entender o tamanho da indústria editorial brasileira.

A partir desta fotografia, é possível construir uma série histórica, um filme. E foi este filme que as entidades e o instituto de pesquisa apresentaram nesta terça-feira (05). A “exibição” aconteceu dentro da programação oficial da 26ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, que segue com a sua programação até o próximo domingo (10).

O que a série histórica aponta é que, nos últimos 16 anos, a indústria editorial brasileira encolheu 39%. Para chegar a este número, a Nielsen deflacionou as cifras, apresentando, assim, em um resultado real.

A crise econômica é fator determinante para esse resultado. Entre 2014 e 2021, as vendas reais das editoras ao mercado encolheram 37%. No pós-pandemia, a desaceleração nas vendas foi atenuada pela recuperação apresentada pelos subsetores Obras Gerais e Religiosos em 2021.

‘Falta apetite espontâneo por leitura’

O presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), Dante Cid, afirmou que o comportamento da economia brasileira tem impacto direto na venda de livros: “A pesquisa nos mostra que, quando o Produto Interno Bruto cresce, as vendas não sobem no mesmo ritmo; mas quando a economia tem uma queda, o faturamento do setor desaba. Entretanto, a desaceleração da queda no último ano nos traz algum alento”, resumiu. Então, o que temos que analisar é que não há o apetite espontâneo pela leitura e esse apetite espontâneo poderia fazer a diferença quando o PIB sobe”, concluiu.

Para o presidente da CBL, Vitor Tavares, os resultados da série histórica refletem a necessidade de políticas que contribuam para a formação de leitores e que fortaleçam o hábito da leitura: “A implementação de políticas destinadas à formação de público leitor é urgente. A leitura, além de ser um exercício de cidadania, é capaz de desenvolver economicamente um país. E não é com aplicação de contribuições ou impostos sobre o livro, como está ocorrendo no processo da reforma tributária, que trilharemos esse caminho”, afirmou.

Obras Gerais e Religiosos dão fôlego ao setor

Em 2021, último ano da série histórica, o mercado editorial registrou retração real no faturamento de 4%, na comparação com 2020, quando considerada apenas as vendas ao mercado. O faturamento de Obras Gerais voltou a um patamar próximo do início da crise, em 2015, impulsionado pela recuperação do preço. Em 2021, três subsetores registraram aumento no faturamento nas vendas ao mercado, sendo que o grande destaque do ano passado foi o subsetor de Obras Gerais, com acréscimo de 14%, ou seja, acima da variação da inflação e do Produto Interno Bruto (PIB). Descontada a inflação, o aumento foi de 3%.  O subsetor registrou crescimento por três anos consecutivos.

Já a venda ao mercado pelo subsetor Religiosos ficou próxima dos níveis anteriores à pandemia com preço médio real similar ao registrado em 2013.

“O aumento de preços em termos reais deve ser encarado como algo positivo, dada a perda registrada nos últimos 16 anos. Foi esse aumento que possibilitou que os subsetores de Obras Gerais e Religiosos registrassem um crescimento no faturamento, evitando uma queda ainda mais acentuada de todo o setor. A recuperação do preço dá fôlego a um setor historicamente sufocado.” explica Mariana Bueno, economista da Nielsen, responsável pela pesquisa.

CTP e Didáticos, no entanto…

Já os subsetores de livros científicos, técnicos e profissionais (CTP) e Didáticos apresentaram recuo no faturamento o que contribuiu para que o setor registrasse resultado negativo em temos reais. Por sua própria natureza, esses dois subsetores são mais sensíveis aos humores da economia.

No caso específico dos livros de CTP, a queda foi de 56% nos últimos 16 anos. O subsetor é o que mais sente a crise econômica. Isso pode ser explicado pela diminuição de alunos matriculados em universidades, mas também pelo vai-e-vem de programas como Fies e Prouni.

Já o subsetor de Didáticos apresentou o patamar mais baixo em 16 anos, perdendo 43% do seu valor, quando consideradas apenas as vendas a mercado. Se incluem as vendas a governo, a queda é de 19%. Aqui, o impacto da pandemia pode ser sentido de forma palpável. Além disso, a crise econômica – que retirou alunos das redes privadas – e a ampliação dos sistemas de ensino impactam diretamente o desempenho do subsetor.

Clique aqui para fazer o download da pesquisa.

02 14H BIENAL DO LIVRO 432

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